Acho que 2020 vai ser o ano em que vou retomar uma das minhas grandes paixões e que ficou esquecida durante bastante tempo: a leitura.
Para retomar esse hábito, eu decidi entrar em um grupo de leitura aqui da minha cidade. Tenho acompanhado esse grupo desde o ano passado e achei muito interessante! Eles são bastante unidos e as sugestões sempre pertinentes. Daí, eles lançaram a leitura do mês de janeiro. A escolha do mês é de autoria de Daniela Arbex, o livro Todo dia a mesma noite: a história não contada da boate Kiss.
Eu lembro claramente do dia que ocorreu a tragédia e todas as reportagens realizadas profusamente ao longo daquele janeiro de 2013. Lembro que fiquei bastante afetada ao me colocar no lugar daquelas pessoas tão jovens e que perderam a vida. Mas, de qualquer forma, a única ligação que tivemos com o caso foi pela tela da TV.
O Livro da Daniela, nos traz detalhes mais profundos sobre a tragédia. E Ela não o explora comercialmente. Ela traz relatos de bombeiros, pais, amigos, até de profissionais do Ministério Público. Não conta somente sobre o incêndio. Ele entra na vida de várias das pessoas que morreram e humaniza as pessoas, os tirando de posição de mais uma vítima.
O livro é basicamente um soco no estômago. Uma dor de cabeça e um enjôo me acompanharam ao longo de toda a leitura e muitos momentos de choro e indignação também. Um dos momentos mais absurdos que li, foi quando uma mãe relata que o Pastor da igreja que ela frequentava na época disse que “Ela era culpada pelo filho ter morrido, já que ela deixou o rapaz ir a uma boate”. Que tipo de Deus e fé essas pessoas estão propagando? Outra coisa que me chocou e que eu não esperava era imagem que algumas pessoas da cidade tem dos pais das vítimas. Muitos acham que eles são estorvos que prejudicam a imagem da cidade.
Mas, mesmo tendo esse lado cruel, o livro também traz muitas cenas de solidariedade e compaixão. Várias atitudes muito bonitas foram vistas ali e que faz a gente ainda acreditar na humanidade.
Eu li o livro em 2 dias mas ainda estou digerindo. A escrita da Daniela é muito boa e me despertou a vontade de ler mais livros dela. Todo dia a mesma noite é um livro muito importante para o nosso país nunca se esquecer desse marco horrível da nossa história.
Outro ponto alto do livro é que a autora não se limita a expor o ocorrido. Ela mostra também a as reverberações que ocorreram na cidade, nas famílias e na vida dos sobreviventes.
Resumo em uma frase: O Livro é duro, triste, mas necessário.